O erro americano na segurança pública
- Coronel Camilo
- 20 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Por Coronel Camilo

Várias iniciativas são observadas no Brasil para tentar reduzir ou eliminar as penas dos pequenos delitos. Uma delas está agora no Supremo Tribunal Federal, que pretende liberar o consumo da maconha em pequenas quantidades para fins recreativos. Lembrando que já existe a liberação legal para o uso medicinal. Talvez essa não seja a melhor forma de agir para pequenos delitos, pois sabemos que a maioria dos criminosos começam cometendo pequenos delitos e, muitas vezes, por conseguirem êxito nestes, passam a cometer outros maiores e mais graves.
Iniciativas, mundialmente conhecidas, teorias testadas na prática indicam que a melhor forma de se reduzir a criminalidade é combatendo os pequenos delitos. Podemos citar a teoria denominada Tolerância Zero, desenvolvida pelo prefeito Rudolph Giuliani, em Nova Iorque, nos anos de 1990, que consistia em punir qualquer tipo de crime - mesmo os delitos mais leves, como pular a catraca do metrô - para dar o exemplo e diminuir a sensação de impunidade. Essa prática reduziu a criminalidade em geral em 44% e os homicídios em 61%, fazendo de Nova Iorque uma das cidades mais seguras dos Estados Unidos (Folha, 2002).
Sabemos também que os crimes que mais incomodam e prejudicam a população, baixam a percepção de segurança e tiram a qualidade de vida das pessoas são os pequenos delitos, chamados crimes de oportunidade. Sabemos também que esses crimes, conforme nos demonstrado em pesquisa científica (Clark & Felson, 1998), correspondem à maioria dos delitos que acontecem no mundo. Só pelo exposto até agora, já fica claro que combater os pequenos delitos e reduzir a sensação de impunidade, aplicando algum tipo de sanção - não necessariamente encarceramento - é uma das melhores formas de enfrentar a criminalidade.
Com espanto, constatamos que as cidades de Nova York, Califórnia e São Francisco, caminharam no sentido contrário a todas essas teorias e reduziram a sanção aos crimes menores, estimulando a prática de tais delitos. Passaram a relevar a subtração de bens com valores até U$950 dólares por dia, cerca de R$ 4.750,00 e assim quem cometer furto, desde que o produto do delito não ultrapasse a esse valor, não ficará preso. Isso gerou uma sensação de impunidade tão grande que lojas e mercados passaram a ser saqueados. Em Nova York, furtos em lojas aumentaram 81% e a fuga de lojas de rua reflete a decadência em áreas centrais de grandes cidades com crime liberado (Veja, Julho 2023).
O Brasil precisa acordar, não cometer o erro americano, trabalhar na responsabilização e aplicação de pena aos pequenos delitos, não necessariamente de encarceramento (repito), mas na mínima proporção que os desestimule.

Coronel Camilo é formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
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