Por Fernando Jorge
Sim, amigo leitor, cheguei a esta firme conclusão, não há nada mais parecido com um louco do que um sujeito completamente bêbado.
Numa escola onde estudei, um professor bebia muito, estava quase sempre no porre. Certa vez, bem embriagado, soltou estas palavras na sala de aula, diante de mim e dos mus colegas:
– Prestem atenção, meus... meus... meus... que... que... queridos... queridos a... a... a... a... alu... alu... alunos, tive... tive... um... um... pen... pen... pensamen... pensamento... ge... ge... genial. É assim, estrela... estrela... Estrela atrai... atra... atratrai estrela... e... e... e... e... e... atrai mos... mosquito...
Eu e os meus colegas não conseguimos nos conter, caímos na gargalhada, e a diretora da escola entrou na sala para tirar o professor bêbado dali, com a ajuda de um empregado.
Logo depois desse episódio o professor foi afastado da escola e confesso, fiquei com muita pena dele...
Fui amigo do presidente Juscelino Kubitschek. Ele me convidou para escrever a sua biografia. Juscelino era o diretor do Banco Denasa, situado na avenida Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Esse banco pertencia a dois irmãos, os irmãos Barbará. Um deles havia se casado com uma filha de Juscelino. Perguntei a ele, no seu banco:
– Presidente, na sua opinião o que causou a renúncia do seu sucessor, Jânio Quadros?
Juscelino respondeu:
– A renúncia de Jânio Quadros veio no porão de um navio, atravessou o oceano Atlântico.
– Como, presidente, não entendi.
Juscelino esclareceu:
– A renúncia foi causada por várias caixas de uísque, oriunda da Escócia.
Caímos na gargalhada e Juscelino concluiu:
– Meu amigo escritor, quando o álcool se alia com a loucura, esta não se torna dupla e sim tripla ou quadrupla.
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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