Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão
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Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão

Por Fernando Jorge

Crédito: Redação JBA

É um velho provérbio espanhol:

“Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão”.

Ignoro, até hoje, se no Brasil um ladrão roubou outro ladrão, principalmente no setor político. Vocês conhecem um deputado corrupto, ladrão, que tenha roubado outro deputado corrupto, ladrão? Um ex-governador do Paraná, já falecido, ficou com fama de ladrão. Dizem, lá no seu estado, que ele se apoderava do dinheiro destinado à construção de obras públicas, das verbas para todos os melhoramentos capazes de beneficiarem o povo do seu estado.

Eu pergunto, alguém roubou esse governador ladrão?

Aqui em São Paulo tivemos um governador ladrão, do qual se dizia, “rouba, mas faz”. E de fato ele fazia muitas coisas, mandando construir escolas, hospitais, estradas de rodagem, etc. Prometia tudo, mas também realizava. Recebeu o apelido de Promessão, uma palavra que rima com ladrão. Inspirado nesse governador desonesto e audacioso, escrevi o meu romance satírico O grande líder, cuja sétima edição acaba de sair, lançada pela Geração Editorial.

Frequentes vezes eu pergunto isto a mim mesmo:

– Com o dinheirão roubado por todos nossos políticos ladrões, corruptos, quantos milhares de escolas, hospitais, melhoramentos de toda espécie, poderíamos ter hoje no Brasil?

Outra coisa, já pensaram se a imensa quantidade de dinheiro de nossos políticos ladrões fosse devolvida aos pobres? Eu acredito, a miséria desapareceria do Brasil.

Termino esta crônica gritando assim:

– Canalhas! Canalhas! Canalhas! Canalhas!

E gritei tanto, tanto, que, socorro, perdi a voz, fiquei rouco!



Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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