Inspirado em Jesus, eu uso o meu chicote

Por Fernando Jorge

Imagem: Freepik

Os hipócritas, que Jesus comparou a “sepulcros brancos, caiados por fora, mas cheios de ossos de mortos e de podridão por dentro”, os hipócritas me acham muito bruto, muito violento, pelo fato da minha pessoa sempre mostrar a verdade, doa a quem doer, machuque ou não machuque.

Está na Bíblia. Quando viu os mercadores invadirem o templo, a casa do seu pai, Deus, o que fez Jesus? Pegou um chicote e o ergueu, a fim de ameaçar esses mercadores. Portanto até Jesus perdeu a paciência diante daquele descaramento dos mercadores, daquele desrespeito a Deus...

Eu também tenho um chicote, mas não é como o que Jesus usou, um belíssimo chicote, um santo chicote.

E como é o meu chicote? O meu chicote é o texto que escrevo.

Apliquei o meu chicote no Paulo Francis, provando no livro que escrevi contra ele, que era ignorante, difamador, racista, pois odiava os negros, os nordestinos, os judeus, os japoneses. E também era plagiador, ladrão literário, inimigo das mulheres. Este meu livro, no qual o destruo, intitula-se Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez.

Destruí também outro Paulo, o Paulo Coelho. Provei que esse individuo xingou Jesus Cristo. Disse que o Salvador era um “boa vida”, não fazia nada e vivia bêbado, além de ser “politicamente incorreto”. Apliquei o meu chicote no Paulito, e esta chicotada está no livro Paulo Coelho atacou Jesus Cristo, já na oitava edição.

Apliquei o meu chicote também na Academia Brasileira de Letras no meu livro contra ela, porque aceitou, na época do regime militar, a censura, a tortura, o assassinato de jornalistas.

Sim, inspirado em Jesus, eu uso o meu chicote.

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.