Por Coronel Camilo
Com o final da pandemia, parece que as coisas se tornaram mais complicadas do que imaginamos. É como se o radicalismo e a agressividade existente em muitas redes sociais saíssem do mundo virtual para o mundo real. Alunos mais agressivos - segundo pesquisa do Instituto Ayrton Senna, 67% dos estudantes se declararam nada ou pouco capazes de exercitar a competência Tolerância à Frustração -, pessoas mais intolerantes no trânsito, aumento dos crimes de desinteligência. Tudo isso é o reflexo desse confinamento pelo qual passamos na pandemia, que ainda não terminou completamente.
Precisamos ter mais empatia, ser gentil, como diz a escritora e psicóloga Rosana Braga, em seu livro “O poder da gentileza”: “gentileza gera gentileza”, precisamos praticar a gentileza. Desta forma, criamos um ambiente melhor. Precisamos buscar mais qualidade de vida e colocar em prática boas ações pelo próximo. É o que se espera de uma sociedade civil organizada. Para não perdermos o hábito, são necessárias medidas que podem ser passadas de pai para filho, de irmão mais velho para irmão mais novo. A educação faz parte deste universo.
No dia a dia, devemos observar a rua e o bairro com outro olhar, não só como parte do problema, mas, principalmente, como parte da solução. Comunicar empresas e o Poder Público quando algo não funciona e não apenas reclamar pelos cantos. Se existe buraco na via, ele pode ser reparado. Lixo em local irregular, mato alto, irregular queimada, devem ser comunicados aos órgãos competentes para que tomem providências.
Outra amostra é sobre direitos e deveres. No transporte coletivo flagramos jovens e adolescentes ocupando assentos em ônibus ou trens destinados às mulheres grávidas, aos deficientes, aos idosos ou pessoas com crianças no colo. Mesmo com o idoso de pé, o cidadão sequer tem a iniciativa de levantar, esquecendo-se que, futuramente, ele também vai necessitar de cuidados e precisará de uma vaga especial.
Nas filas, seja nos bancos ou nos supermercados, a situação se repete. Costumeiramente tem alguém querendo levar vantagem e passar na frente. Não é fácil lidar com a falta de gentileza nos dias atuais. Precisamos trazer a cidadania para dentro de casa, para a escola, para o trabalho, para a convivência social.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo, enquanto Deputado Estadual, coordenei a Frente da Família, Cidadania e Cultura, que prega respeito e internalização de valores éticos e morais. Também sou autor da Lei Estadual nº 16.890/2018, “Lições de ética e cidadania nas escolas”, pois toda criança tem o direito de aprender o sentido da cidadania na sua concepção mais ampla e isso, infelizmente, não está transversalizado nas demais disciplinas como deveria. A nova lei permite um espaço para esta importante discussão em sala de aula.
Na minha infância, fui ensinado a ter respeito ao próximo, aos professores, aos pais. Na Polícia Militar, também. Um futuro melhor e com mais respeito, depende de cada um de nós. Temos muito a aprender com exemplos de vida e entrega do ser humano. Boa leitura!
Coronel Camilo é secretário-executivo da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
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