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Foi a maldição da mulher de cabelos brancos?

Por Fernando Jorge

Imagem: Redação JBA

Quando foi lançada a quinta edição do meu livro O Aleijadinho, sobre Antonio Francisco Lisboa, o genial escultor nascido em Minas Gerais, o jornalista Cláudio Abramo, secretário da Folha de S. Paulo, meu amigo, convidou-me a ir a redação desse jornal, para eu ser entrevistado, pois esse livro, além de ter ganho nova edição, recebera o Prêmio Jabuti, conferido pela Câmara Brasileira do Livro. Atualmente, publicado pela editora Martins Fontes, ele está na sétima edição.


Depois de eu dar a entrevista a Folha de S.Paulo, o meu amigo convidou-me a ir almoçar com ele no restaurante O Gato que ri, no largo do Arouche. E ao sairmos do jornal, pisando na calçada da Alameda Barão de Limeira, e quase na esquina da avenida São João, vimos uma mulher bem feia, de cabelo totalmente branco. Ela cumprimentou o Cláudio e notei que estava desdentada, não tinha os dentes da frente. Então, após ela passar, eu disse ao Cláudio:


– Que velha feia, parece uma bruxa!


O meu amigo explicou:


– Ela não é tão velha como parece ser. Tem cerca de quarenta anos, e foi linda, chamava até a atenção, por causa da sua beleza. E dizia sempre, não gosto de velhos e de velhas. Gostava de empurrar as pessoas idosas, a fim de passar na frente delas e um dia, ao empurrar uma senhora de cabelos brancos, essa senhora lhe deu um soco tão forte que lhe arrancou todos os dentes da frente. A gengiva da sua boca ficou tão dolorida que até hoje ela não consegue mastigar direito e usar dentadura.


Exclamei, unindo as palmas das minhas mãos:


– Cláudio, se não foi Deus que a castigou, foi a maldição da senhora de cabelos brancos, agredida por ela!



Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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