Eu matei, sem querer, um editor hipócrita!
top of page
Buscar

Eu matei, sem querer, um editor hipócrita!

Por Fernando Jorge

Crédito: Redação JBA

Sempre detestei a mentira, a falsidade, e por isto sou um perigoso inimigo dos hipócritas. Perigo? Sim, pois consigo provar como os hipócritas procuram parecer que eles não são, criaturas de alma pura, elevada, embora as suas almas estejam fedendo como latrinas entupidas, repletas de fezes. A Bíblia os condena e Jesus Cristo assim classificou esses seguidores do diabo, o hipócrita é idêntico a um “sepulcro branco, caiado por fora, mas cheio de ossos dos mortos e podridão por dentro.”


Vou contar aqui, nesta crônica, como causei a morte de um editor hipócrita. Reuni num livro, intitulado As sandálias de Cristo, as minhas crônicas publicadas no jornal A Gazeta, de grande circulação na capital de São Paulo. A primeira edição dessa obra esgotou-se logo, era de trinta mil exemplares. Como o editor da obra, Bruno Bucini, havia falecido, após o seu lançamento, procurei outro editor e propus a ele:

– Se você publicar a segunda edição, um rico empresário, meu amigo, vai adquirir muitos exemplares, antes mesmo do lançamento, para dar como brinde aos seus amigos, clientes e acionistas.


O editor respondeu:

– Fernando, quero lançar a segunda edição porque amo Jesus Cristo e não por causa do dinheiro.

Confiando na palavra do editor, entreguei-lhe o livro. Prometeu lançá-lo logo, no prazo de um mês. Não cumpriu a palavra, quis mostrar-se difícil. Dizia que ia publicar e não publicava. Entreguei o livro a outro editor, depois de uma espera de seis meses.


Lançada a segunda edição, o rico empresário, meu amigo, comprou cinquenta mil exemplares, que renderam mais de cem mil reais.


Quando soube do lucro da venda, o editor hipócrita teve um enfarte que o matou. Ele não amava Jesus e sim, muito, o dinheiro. Este, na opinião do escritor italiano Giovanni Papini (1881-1956), é o esterco, a m. do diabo... Citei esta opinião de Papini no programa do Jô Soares, da TV Globo, ao ser entrevistado por ele e o Jô exclamou:


– Haja m., Fernando!


Todos, no auditório, caíram na gargalhada.



Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

bottom of page