Sem medo de falar a verdade, Leonardo Bertolli Kriger, de 20 anos de idade, conta como é lidar com o preconceito e como criou coragem para contar sua história por meio das palavras
A Síndrome de Asperger muda a forma como as pessoas percebem o mundo e interagem com outras pessoas. É tratada como um dos perfis do autismo, chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos, cerca de 1% da população mundial tem algum tipo de transtorno. No recém-lançado livro “Você sente o que eu sinto?”, o estudante de Direito Leonardo Kriger conta sua história, desde o nascimento, passando pelo diagnóstico da Síndrome de Asperger, pela descoberta da superdotação, até os desafios que enfrenta nos dias atuais, aos 20 anos de idade.
No prólogo do livro, a psicopedagoga Liziane Pinho Bertolli Kriger, mãe do Leonardo, explica como é ter um filho especial. “Quando ele tinha 12 anos, resolvi levá-lo a uma neurologista, que nos deu o diagnóstico de Síndrome de Asperger. Juntamente com essa notícia vieram a incerteza, o medo, o pavor, mas o mais importante não nos faltou: o amor maior. Se já o amávamos, a partir desse dia, passamos a amá-lo muito mais”, relembra.
Na obra, Leonardo conta como a arte da escrita se tornou uma função terapêutica extremamente importante, fazendo com que ele conseguisse externalizar suas frustrações e anseios. O curitibano também dá detalhes minuciosos de toda a sua vida e, a cada página, traz um aprendizado diferente. "Dou algumas dicas de como as pessoas que convivem com a síndrome podem encontrar a própria identidade", explica o autor.
Numa das passagens, ele lembra que foi submetido a testes psicológicos que revelaram sua superdotação. Os testes mostraram que ele estava muito acima dos índices considerados normais para aquela faixa etária. “Se esse 'super' fosse um adjetivo para herói, meu 'superpoder' seria a peculiaridade. Portanto, ouvir que eu tinha superdotação foi algo que, no meio de tanta angústia, acabou por se tornar um farol que me ilumina até hoje”, ressalta.
Atualmente, Leonardo é estagiário de um renomado escritório de advocacia, onde, segundo ele, redescobriu a sua essência. “Demorei para descobrir que não sou Asperger, sou superdotado. Vivi como Asperger e, como Asperger, senti todas as dificuldades que eles enfrentam. Por isso, precisamos entender que precisamos nos amar mais e julgar menos", finaliza.
Serviço
Você sente o que eu sinto?
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