Por Fernando Jorge
Tenho um amigo que volta e meia não para de me dizer:
– Fernando, não aguento mais a minha mulher. Ela é insuportável, acha tudo ruim, me critica, me esculhamba, parece o diabo com saia. A minha vida se tornou um inferno, juro, não aguento mais!
Perguntei a ele:
– E a sua sogra também é assim?
Respondeu, soltando um longo suspiro:
– A minha sogra, junto da minha mulher, é como um anjo ao lado de um demônio. É uma mulher doce, boa, compreensiva, amável, possui todas as qualidades que a sua filha, um demônio, não possui!
O meu amigo soltou um suspiro mais longo e disse:
– Errei, Fernando, errei! Eu devia ter me casado com a minha sogra, que é um anjo, e nunca com a sua filha, que é o Coisa Ruim com saia.
Voltei a perguntar ao meu infeliz amigo:
– Sua futura sogra não era casada, quando você começou a namorar a filha?
– Não, era viúva. Errei, Fernando, errei! Eu devia ter me casado com a minha sogra, repito!
Este caso, o drama do meu amigo, me ajudou a compreender porque as sogras são tão criticadas, e não vou dizer que não existem sogras ruins, existem, mas as boas sogras se tornaram vítimas da língua ferina dos homens maus, perversos, que maltratam as suas filhas. Elas, as boas sogras, defendem as filhas dos ataques de péssimos maridos. Então eles, por vingança, soltam estas frases:
“Sogra rica e porco gordo só dão lucro depois que morrem”.
“Eu, ao lado da minha sogra, sou um beija-flor junto de uma coruja”.
“Não mando a minha sogra para o Inferno porque se eu for para lá, vou sofrer mais”.
Quanta maldade! Todavia, os péssimos maridos, torturadores das filhas de suas sogras, é que merecem ficar no Inferno, espetados pelas facas pontiagudas de milhares e milhares de diabinhos...
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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