Por Fernando Jorge
Após a publicação de minha crônica “Jô Soares foi vítima de grande injustiça” nesta poderosa rede de jornais, eu recebi dezenas de e-mails e cartas, dando-me apoio. Mas também recebi uma carta anônima, na qual o autor escreveu:
“Sou assíduo telespectador da TV Globo e detestei sua crítica a ela, por ter afastado o velhote Jô Soares. Sei tudo sobre o Jô e você, Fernando Jorge, não sabe nada, absolutamente nada. E é muito atrevido, arrogante, convencido, antipático”.
A carta anônima desse fulano está cheia de insultos a mim e ao Jô. Não os reproduzo por serem palavrões, linguagem sórdida, legítima disenteria verbal. O texto se assemelha a um suco feito com baratas esmagadas e o pus de uma ferida.
O perfeito débil mental da carta anônima é um asno sem ferradura nas patas enormes, só sabe zurrar, escoicear, defecar, ou melhor, bostejar.
Vou contar aqui que esse quadrupede não sabe sobre o Jô Soares, minhas informações equivalem a chicotadas no lombo de um burro esfomeado, louco por capim membeca e capim barba-de-bode.
O pai do Jô se chamava Orlando Heitor Soares, era corretor, e a mãe tinha o nome de Mercedes, de uma personagem de O conde de Monte Cristo, o celebre romance de Alexandre Dumas.
Um dos livros prediletos do inteligentíssimo Jô Soares é A relíquia, de Eça de Queiroz, romance satírico, admirável caricatura literária.
Monteiro Lobato é o escritor que mais despertou no Jô a paixão pelos livros.
Jô pretendia entrar no corpo diplomático do Itamaraty. O Brasil perdeu um ótimo embaixador, porém ganhou um ótimo apresentador...
Jô Soares tem um livro sobre os brasileiros, de autor estrangeiro, obra curiosa, intitulada The brazilians. Jô é devoto de Santa Rita de Cássia.
Ele detesta doce de coco. Nem pode ficar perto desse doce, mas gosta de comer um pão quentinho, recheado com muita manteiga e um delicioso chocolate. Portanto é chocólatra e sofre de cocofobia...
Jô foi colunista da Última hora de São Paulo, jornal de Samuel Wainer.
Sei muito mais sobre o nosso querido Jô Soares e paro aqui.
Cidadão nojento da carta anônima, o seu papel teve uma utilidade, pois limpei com ele um orifício da parte traseira e inferior do corpo. Fiz economia, poupei o papel higiênico. Envie-me outra carta anônima, para eu fazer isto.
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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