A linguagem utilizada se inspira nos cabarés alemães, fortemente referenciados em Bertolt Brecht e Kurt Weil
A Revolução dos Bichos, de George Orwell, se passa numa granja liderada, inicialmente, pelo Sr. Jones. Porém, insatisfeitos com a dominação, os animais decidem fazer uma revolução. Eles se organizam e expulsam o Sr. Jones da granja, pois não aceitam mais ser tratados como escravos dos humanos. Os porcos passam a liderar a granja, considerando-se os animais mais inteligentes. Um dos maiores escritores do século, Orwell faz um duro retrato sobre o relacionamento do poder com o indivíduo e da sociedade e seus processos.
Na adaptação do Núcleo Experimental, dirigida por Zé Henrique de Paula, com músicas originais de Fernanda Maia, a fábula de Orwell é transformada num musical e a linguagem utilizada se inspira nos cabarés alemães, fortemente referenciados em Bertolt Brecht e Kurt Weil.
A temporada acontece no Teatro do Núcleo Experimental de 23 de maio a 22 de junho.
O elenco é composto por Amanda Vicente, Bruna Guerin e Luci Salutes (alternantes), Dan Cabral, Dennis Pinheiro, Fabiana Tolentino, Flávio Bregantin, Fernando Lourenção e Pedro Silveira e a orquestra é formada por Fernanda Maia (piano), Clara Bastos / Pedro Macedo (baixo), Felipe Parisi (violoncelo), Bruna Zenti / Thiago Brisolla (violino) e Priscila Brigante (bateria).
A Revolução dos Bichos é uma fábula sobre o poder. Escrito em plena Segunda Guerra Mundial, o romance é uma alegoria sobre a ambição e a fraqueza humanas, que acabam por sabotar qualquer projeto político mais justo e igualitário. Setenta e cinco anos após sua publicação, surge novamente nas prateleiras das livrarias como um best seller, diante da ascensão das ditaduras ao redor do mundo.
Esta obra é adotada por escolas públicas e privadas há algumas décadas e faz parte do estudo das áreas de Linguagens, História e Filosofia. Permite compreender conceitos como cidadania, democracia, participação política, além de fornecer um rico estudo sobre o contexto histórico do período que engloba as duas Grandes Guerras mundiais do século XX, além, obviamente, do atual contexto sócio-político, cheio de ecos e ressonâncias com a narrativa de Orwell (surgimento de ditaduras, repressão política e policial, a força da mídia e das fake news, entre outros temas. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens.
Uma curiosidade que prova que Orwell continua em alta mesmo: uma lista, feita pela Nielsen Bookscan (plataforma de dados para o setor de publicação de livros) a pedido do jornal Estadão, mostrou que A Revolução dos Bichos e 1984 são as únicas obras de ficção que aparecem entre os 15 livros mais vendidos na quarentena entre 23 de março e 12 de julho de 2020.
Musical Cabaret dos Bichos
Até 22 de junho de 2022
Segundas, terças e quartas, às 21h
No Teatro do Núcleo Experimenta l
Rua Barra Funda, 637 - São Paulo - SP.
R$ 30 (ingressos vendidos pelo Sympla)
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