Por Fernando Jorge
Neste nosso mundo louco, cheio de loucos de todos os tipos, já encontrei pessoas que amam a ciência, a música, a pintura, a poesia, as flores, mas certo dia ouvi esta confissão:
– Eu amo muito as vacas.
Tais palavras saíram da boca de um homem de cabelos ruivos, com cerca de quarenta anos. Perguntei se ele era veterinário. Respondeu:
– Não, mas sou vacolatra.
– Vacolatra?
– Sim, vacolatra, adoro as vacas.
Explicou que havia comprado uma fazenda só por um motivo: para ter dezenas de vacas. Depois cantou:
Vaca, vaca,
Perto de ti
Sinto calor,
Porque és o meu amor!
Disse em seguida, após dar um assobio bem agudo:
– O meu maior sonho é ir a um país chamado Vacolândia, a pátria das vacas de traseiros grandes, fofos, carnudos.
Garanti ao apaixonado pelas vacas:
– Este país não existe e o senhor é doido.
– Sim, sou doido, porém doido por vacas.
– Consulte um psiquiatra. Talvez ele o libere de sua loucura.
– Não, em nenhuma hipótese, também amo muito a minha loucura, a minha paixão pelas vacas.
Deu uma cuspida, coçou o nariz e prosseguiu:
– Além de vacolatra, adorador de vacas, sou vacologo, professor de vacologia, a ciência que analisa a vida e o comportamento das vacas. Vou provar como de fato sou um ótimo vacologo.
Cuspiu de novo e mostrou a sua cultura de vacologo:
– As vacas possuem quatro tetas e quatro estômagos. São capazes de produzir, diariamente, vinte ou trinta litros de leite. Outra coisa, suas orelhas enormes se movem para espantar as moscas e os mosquitos. Além de capim, comem milho. Se o seu filho, o bezerro, afasta-se muito dela, a vaca o chama soltando um mugido, um muuuuu. E o olhar das vacas é meigo, suave, romântico, encantador.
Prezados leitores, cada louco com a sua mania ou cada vacomaniaco com a sua vaca...
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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