Ela amou o seu papagaio e também foi amada por ele
- Fernando Jorge
- 29 de abr.
- 1 min de leitura
Por Fernando Jorge

Conheci uma senhora muito culta e inteligente que gostava de ler os meus livros. Um dia ela disse:
— Nunca me casei, pois nunca senti amor por um homem, mas tive um grande amor na minha vida.
Eu quis saber, cheio de curiosidade:
— Por quem?
Resposta imediata:
— Por um papagaio.
Emocionada, começou a contar.
— Comprei um lindo papagaio na Bahia. Ele se chamava Dudu e veja que coisa curiosa, o meu apelido é Dadá.
Eu não pude deixar de comentar:
— O seu amor por ele foi muito curioso.
E ela prosseguiu:
— O Dudu, logo que saía da gaiola e me via, falava assim, Dudu ama Dadá. E eu respondia, Dadá ama Dudu.
E a senhora concluiu, emocionada:
— Quando Dudu morreu, chorei muito.
Eu soltei estas palavras:
— A senhora fez muito bem em amar esse papagaio. Mais vale amar um papagaio do que uma pessoa falsa, mentirosa, traidora.

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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