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Ela amou o seu papagaio e também foi amada por ele

Por Fernando Jorge


Foto: FamVeldman
Foto: FamVeldman

Conheci uma senhora muito culta e inteligente que gostava de ler os meus livros. Um dia ela disse:

— Nunca me casei, pois nunca senti amor por um homem, mas tive um grande amor na minha vida.


Eu quis saber, cheio de curiosidade:

— Por quem?


Resposta imediata:

— Por um papagaio.


Emocionada, começou a contar.

— Comprei um lindo papagaio na Bahia. Ele se chamava Dudu e veja que coisa curiosa, o meu apelido é Dadá.


Eu não pude deixar de comentar:

— O seu amor por ele foi muito curioso.


E ela prosseguiu:

— O Dudu, logo que saía da gaiola e me via, falava assim, Dudu ama Dadá. E eu respondia, Dadá ama Dudu.


E a senhora concluiu, emocionada:

— Quando Dudu morreu, chorei muito.


Eu soltei estas palavras:

— A senhora fez muito bem em amar esse papagaio. Mais vale amar um papagaio do que uma pessoa falsa, mentirosa, traidora.




Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.


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