Por Roberto Maia
Em poucos dias o Flamengo conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores e o treinador Dorival Júnior passou a ser especulado para suceder Tite no comando da Seleção Brasileira a partir de 2023.
Considerado um bom técnico de futebol, Dorival Júnior vive aos 60 anos de idade o seu principal momento na carreira. Nos últimos tempos ele vinha desempenhando o papel secundário no cenário do futebol brasileiro até que surgiu o convite do Flamengo, em junho, para ocupar o lugar do português Paulo Sousa, demitido. O treinador não pensou duas vezes e deixou o Ceará onde trabalhou menos de três meses.
Claro que os torcedores do Vozão não gostaram da atitude de Dorival, Porém, dizer não para um convite do Mengão não é para qualquer um. E a decisão se mostrou acertada.
Apesar do elenco qualificado, o Flamengo patinava sob o comando de Paulo Sousa. Os torcedores – e alguns diretores - sonhavam com a volta de Jorge Jesus ao comando técnico quando Dorival foi anunciado. Muita gente torceu o nariz acreditando que ele não estaria à altura para comandar um time milionário e cheio de estrelas.
Apesar de experiente e com muita rodagem no futebol brasileiro, poucos acreditaram que Dorival pudesse dar conta do recado. Mas com muita humildade ele foi acertando o time e logo os resultados apareceram. Seu principal acerto foi conseguir escalar Gabigol e Pedro juntos, algo que seu antecessor dizia ser impossível. Outra decisão importante foi definir duas equipes diferentes para atuar nas copas e no Brasileirão. Também deu certo.
Também pesou positivamente a favor de Dorival o seu conhecimento de vários jogadores do Flamengo que já haviam trabalhado com ele em outras equipes. Casos de Filipe Luís no Figueirense, Santos e Léo Pereira no Athletico-PR, por exemplo.
Em participação no programa Bem, Amigos! do Sportv na segunda-feira (31), Dorival admitiu que assumiu o Flamengo em um momento difícil. “Era um momento complicado, de incerteza grande e insegurança. Ninguém servia ou prestava para a equipe naquele momento. Um exemplo é que o Filipe Luís estava sendo contestado e hoje ele figura numa possível convocação para a Seleção”, disse.
Segundo Dorival, a comissão técnica e o estafe do Rubronegro foram de vital importância no sucesso do trabalho. “Concordo que tivemos uma participação importante, mas divido isso com toda a comissão e estafe do Flamengo. Não tivemos mais ninguém com lesão muscular com exceção da última partida, o que nos deu sustentação. As duas equipes que jogaram, cada uma com o seu padrão, responderam muito bem. Acredito que nossas decisões foram acertadas para chegar forte nos momentos decisivos das duas taças”, afirmou.
Dorival Júnior, nasceu em Araraquara, cidade do interior paulista onde iniciou a carreira como jogador de futebol jogando na Ferroviária. Também jogou no Marília, São José, Coritiba, Palmeiras, Guarani, Grêmio, Figueirense, Sport, Botafogo de Ribeirão Preto, entre outras equipes. No Verdão ele jogou entre 1989 e 1992, onde foi treinado por Leão e jogou ao lado do meia Neto.
Após parar de jogar foi auxiliar técnico de Luiz Carlos Ferreira e Muricy Ramalho. Em 2003 teve inicia sua carreira como treinador. Comandou o Figueirense, Fortaleza, Criciúma, Juventude, Sport, Avaí e São Caetano, onde foi vice-campeão do Paulistão de 2007. O bom trabalho chamou a atenção do Cruzeiro que o contratou. Ele comandou o time no Brasileirão daquele ano e classificou o time mineiro para a Libertadores.
Na sequência dirigiu o Coritiba, o Vasco da Gama – que estava na Série B; o Santos, onde conquistou a Copa do Brasil e do Campeonato Paulista de 2010 e foi demitido após barrar o atacante Neymar de um clássico com o Corinthians; o Atlético-MG, o Internacional, onde foi campeão gaúcho de 2012; o Flamengo; o Vasco novamente; o Fluminense, que brigava para escapar do descenso no Brasileirão; o Palmeiras; o Santo mais uma vez; o São Paulo após a demissão de Rogério Ceni em 2017, ano em que conseguiu livrar o Tricolor do rebaixamento; o Flamengo mais uma vez; Athletic-PR e Ceará antes de retornar ao Mengão e conseguir a consagração.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.
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