Por Fernando Jorge

Ao longo da minha vida de escritor, jornalista e jurado de programas de televisão, já vi muita cretinice, mas nunca tinha visto uma frase tão estúpida, tão absurda, como esta, na página 24 do livro Uma história de amor, da autoria de Daniela Mercury e Malu Verçosa: “a Bíblia é um tratado machista”.
Meus amigos, se um editor me pedisse para escrever um livro intitulado Dicionário das frases cretinas, a afirmativa de Daniela Mercury e Malu Verçosa seria logo colocada nele, com as fotos das duas.
Vamos agora provar aqui, de forma esmagadora, que a Bíblia não é e nunca foi “um tratado machista”.
Preparem-se, Daniela Mercury e Malu Verçosa, ambas vão apanhar nesta crônica, uma surra de natureza cultural. Coitadinhas! E por favor, não chorem, não gritem de dor.
Indago, a Bíblia é realmente machista, Daniela e Malu? É machista o livro que mostra Débora, juíza e profetisa em Israel, como libertadora do seu povo no combate à tirania dos cananeus? Graças ao incentivo, à energia de Débora, os martirizados filhos de Israel recuperaram a liberdade.
Insisto na pergunta, Daniela e Malu, a Bíblia é machista, o livro que glorifica Judite, a intrépida libertadora da cidade de Betulia? Firme, valente, essa bela mulher golpeou a nuca do inimigo Holofernes, general de Nabucodonosor, rei da Assíria, decepando-lhe a cabeça. E assim ela se tornou o anjo, o ídolo do seu povo.
A Bíblia é machista, resmunga a sabichona Daniela Mercury. Pergunto, é machista o livro que exalta Joseba como protetora de Joás, rei de Judá? Ela o fez escapar das iras de Atála e o escondeu durante seis anos, salvando-lhe a vida.
Ruge a apedeuta Daniela, é machista, a Bíblia é machista! Respondo, é machista o livro no qual Jezabel, filha de Etbal, rei de Sidon, aparece como mulher voluntariosa, enérgica, violenta, dominadora?
Iluminado por Deus, meu Pai Celeste, dei uma tunda arrasadora, de natureza cultural, na Daniela e na Malu. Fui muito cruel, impiedoso?

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
Comments