Escócia, terra de mitos e maltes!
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Escócia, terra de mitos e maltes!

Por Paulo Panayotis


Edimburgo, Escócia - Pela janela do trem a vida passa… ou melhor, corre. Sigo pensando como essa tal de vida é caprichosa: morei em Londres, na Inglaterra por duas vezes e nunca havia ido para a Escócia! Enquanto o trem avança , sinto que essa é minha desforra! Em pouco mais de quatro horas, partindo da estação Kings Cross, em Londres, chego à capital escocesa. A viagem, curta e extremamente confortável, chega ao fim com gosto de ‘quero mais’. “ Boa tarde senhor. Para onde?” . O forte sotaque escocês vem do motorista de táxi.

Táxi colorido em Edimburgo, Escócia

Ao contrário dos sisudos táxis ingleses, em Edimburgo eles são predominantemente coloridos. E os motoristas, juro, amigáveis! Muita coisa para fazer e pouco tempo. Enquanto sigo, olho para cima e vejo a imagem que ficará comigo por quase toda a viagem: o castelo de Edimburgo, impávido, solene, flutua acima da cidade. Onipresente, é um daqueles passeios que duram no mínimo meio dia. Não visitar o castelo é como ir ao Rio de Janeiro e não ir ao Pão de Açúcar!

Castelo de Edimburgo, cartão postal da Escócia

Lá de cima, a capital escocesa parece pequena, acanhada. Nem parece que mais de meio milhão de pessoas moram aqui. Em toda a Escócia são cerca de cinco milhões e meio. Bum! Bum! Bum! Não, não é um ataque terrorista. É o canhoneiro oficial do castelo, que, todos os dias, pontualmente às 13 horas, dispara ritualisticamente seu canhão! Moradia dos primeiros escoceses, o castelo sempre teve papel relevante não só na vida dos escoceses como na do Reino Unido. Destruído e reconstruído diversas vezes ao longo de mais de 900 anos, ainda é o motivo pelo qual a grande maioria dos turistas visita a terra dos maltes.

Canhões e turistas sobre a cidade de Edimburgo

Mas, como descobri, os danados dos escoceses escondem o que há de melhor. “Meu nome é Mackenzie. Mac Kenzie! Não McDonalds”, informa nosso motorista. Risos na grande van que sai, pontualmente às oito horas da manha em direção às Highlands, ou melhor, terras altas escocesas. O cinza da cidade vai ficando para trás enquanto árvores de cores amarelas alaranjadas tomam seu lugar. Ainda meio sonolento ouço Mackenzie, que morou por dois anos no Brasil, falar com orgulho da sua terra natal. No trajeto, ele narra conto com direito à sonoplastia de monstros lutando contra cavaleiros medievais. Assim, alcançamos nossa primeira parada.

Lock Lubnaig, um perfeito cartão postal

O Loch Lubnaig, ou lago Lubnaig, é um cartão postal saído direto dos contos. O reflexo das águas calmas se funde com as árvores que já exibem cores típicas do outono europeu. Cliques e mais cliques não são capazes de retratar a verdadeira beleza do lugar. Próxima parada, Glen Coe ou o ponto mais alto da Escócia. De uma beleza esmagadoramente selvagem, não há arvores por perto. Praticamente não há vegetação, a não ser o eterno musgo que preserva a umidade e torna a Escócia o que é: o maior reservatório de água doce do Reino Unido. Pequenos riachos e ribeirões se precipitam Glen Coe abaixo. Formam, lá no seu destino, os famosos locais que abrigam salmões, e, segundo a lenda, monstros assustadores. O melhor, um monstro: Néssie. Nossa próxima parada é justamente o Loch Ness, ou Lago Ness. Ah, lembrou agora do tal monstro? Aquele do Lago Ness?

Arco Íris em Loch Ness

Loch Ness é o maior lago de toda a Escócia e o que atrai mais gente. Nada de avassalador ou imperdível. Mas pense assim: se você for ao Rio de Janeiro, não vai ao Cristo Redentor? Bem, ao menos na primeira vez, tem que ir, né? É o mesmo com o Lago Ness. O que vale mesmo é o passeio, o caminho, certo? Enquanto navegamos, olhos fixos nas águas profundas e escuras, tomo um gole de uísque puro malte escocês e me pergunto novamente: Por que não conheci a Escócia antes? Mesmo sem encontrar a resposta, encontro uma certeza: voltarei. Quero voltar! Até mesmo porque, desta vez, não consegui ver Néssie!

Jornalista Paulo Panayotis

Fotos: Paulo Panayotis e Adriana Reis


Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia.

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