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Cracolândia, uma questão humanitária!

Por Coronel Camilo


Nos últimos dias estamos assistindo muitas críticas às ações desenvolvidas na região Centro de São Paulo, especialmente em relação à Cracolândia. E não faltam especialistas para criticar as ações feitas. Ouso caminhar pelo sentido oposto e parabenizar o governo do Estado, na figura do vice-governador, Felício Ramuth, e da mesma forma o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, pela coragem nas ações desenvolvidas nesta gestão na região da Cracolândia.


É disso que precisamos, essas pessoas não podem permanecer consumindo drogas, se degradando e morrendo no Centro de uma das maiores cidades do mundo, tudo isso às vistas da população, da sociedade civil organizada e do poder público. Eles precisam de ajuda. A maioria que integra esses grupos que perambulam sem destino pela região não tem mais condições de discernir sobre sua própria existência. Ficam apenas buscando algo de valor, seja pedindo, seja furtando e o que é pior, roubando, para trocar pelo crack.


Mal foi anunciado um programa, ainda em elaboração, numa parceria entre o Estado e o Município e já surgiram as críticas, como noticia o jornal Metrópoles, na sua edição on-line, em 23/01/20233 e outros veículos de comunicação. Aí se vê uma pré-disposição para que se mantenha o status quo da degradante situação em que essas pessoas se encontram. Como se critica uma ação que ainda nem foi divulgada? A solução passa por contribuições, sugestões, atitudes e ações de toda a sociedade e o poder público, isso sim ajuda.


A Cracolândia, termo criado pelo Jornal o Estado de São Paulo em 1995 (Nexo, Estêvão Bertoni, 2020), veio da entrada do crack - subproduto extraído a partir do empobrecimento da pasta base da cocaína - na região, mas ela já existia desde os anos 80, surgida a partir da degradação da região por mudanças como a transferência da Rodoviária para o Terminal do Tietê. As drogas utilizadas eram a maconha e o álcool e ela se concentrava próximo, nas ruas dos Andradas, General Osório e parte da Rua Santa Ifigênia, junto a cortiços e prostíbulos. Depois veio a demolição dos cortiços, chegou o crack e o consumo passou a ser a céu aberto, nas chamadas “cenas de uso”.


Outra ação que está em andamento, e sendo bem sucedida, é o Programa Redenção da Prefeitura de São Paulo, em parceria com o Estado baseado na acolhida, tratamento e encaminhamento, oferecendo uma porta de saída para aquelas pessoas. Por meio dos Serviços Integrados de Acolhida Terapêutica – SIAT, tem feito a diferença e, o mais importante, com resultados concretos: só em dezembro foram feitas mais de 3.600 abordagens sociais, com 596 beneficiários ativos no Programa Operação Trabalho - POT, a porta de saída com encaminhamento para o trabalho (Prefeitura de São Paulo, Informe Mensal do Programa Redenção, dezembro 2022).


Ações são necessárias, o problema é complexo. A única coisa que não podemos fazer é ficar inertes, vendo essas pessoas se consumirem com o uso de drogas a céu aberto, nas chamadas “cenas de uso”. É uma questão humanitária!



Coronel Camilo foi Comandante-Geral da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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