Coronavírus ameaça sequência do Brasileirão 2020
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Coronavírus ameaça sequência do Brasileirão 2020

Por Roberto Maia


A rodada do Campeonato Brasileiro da Série A do último final de semana, ficou marcada pela polêmica que envolveu o jogo entre Palmeiras e Flamengo, que somente ocorreu por decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Por decisão judicial a partida quase não aconteceu e o motivo do imbróglio, como todos sabem, foram os vários jogadores do rubro-negro que testavam positivo para a Covid-19. Contrário à realização do jogo, o Mengão teve que improvisar uma escalação com reservas e juniores.


A decisão do TST evitou uma crise entre os clubes que disputam o Brasileirão 2020. O Flamengo agiu de maneira isolada e contrária à decisão assumida pelos clubes juntamente com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade organizadora da competição.

Palmeiras e Flamengo jogaram por decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e com 20 minutos de atraso. (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

A manifestação mais contundente veio do presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara, que criticou a postura do rubro-negro de pedir o adiamento do jogo contra o Verdão. Ele demonstrou seu descontentamento com o fato de a Justiça comum ter sido acionada para tratar do caso. "Os regulamentos são claros, com previsão de penas gravíssimas. Os clubes não podem pleitear nem se beneficiar de decisões da Justiça comum que digam respeito à organização das competições. Por isso, é bom lembrar, os clubes estão unidos e atentos. Os tempos são outros. A lei é para todos", disse, exigindo punição severa do clube carioca.


O assunto chegou ao Senado Federal. A senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) apresentou emenda que previa a suspensão de uma partida de futebol por decisão de um dos clubes quando houvesse surto de contaminação de atletas por Covid-19. Porém, o relator da matéria no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), rejeitou a emenda, mas acrescentou ao relatório a possibilidade de suspensão de partidas, mediante “recomendação técnica de consulta à questão de saúde”, em caso de surto de Covid-19 entre os jogadores.


Apesar da crescente flexibilização, a pandemia do novo coronavírus segue em todo o mundo fazendo vítimas. O futebol adotou rigorosos protocolos de saúde e higiene para ser retomado. Entretanto, no Brasil, os casos de jogadores e membros das comissões técnicas contaminados são recorrentes. E são muitos os casos. Algo está errado no processo.


O caso do Flamengo revela a seriedade da questão. Foram 41 casos na delegação desde a viagem para o Equador para os jogos da Libertadores, sendo 19 jogadores. O rival Fluminense também apresentou casos de jogadores contaminados nos últimos dias. O Tricolor carioca informou que dez jogadores testaram positivo para a Covid-19. O último a ser contaminado foi o meia Paulo Henrique Ganso.

O meia Paulo Henrique Ganso testou positivo logo após o o jogo contra o Coritiba, no dia 28, no Rio de Janeiro. (Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)

Nessa semana, o Grêmio também divulgou que os zagueiros Geromel e Kannemann testaram positivo para o novo coronavírus. A notícia veio a menos de cinco horas do início do jogo contra a Universidad Católica, do Chile, realizada na terça-feira e válido pela quinta rodada do Grupo E da Copa Libertadores.


Apesar da quantidade de jogadores infectados os casos são na maioria assintomáticos com recuperação rápida e sem sequelas. Mas o risco de complicações não pode ser desprezado. O que não sabemos é sobre os desdobramentos dessas contaminações. Os atletas teriam transmitido o vírus para familiares e amigos com os quais tem contato?


Por essas e outras é que a atitude do Flamengo - e da Prefeitura do Rio de Janeiro - de pleitear a volta do público em seus jogos no Maracanã é totalmente fora de propósito nesse momento. Os torcedores estariam totalmente expostos à contaminação. Pessoas de diversas faixas etárias, que não têm a mesma retaguarda que os jogadores e seus clube, seriam vítimas fáceis para o vírus. Enquanto não houver uma vacina contra a Covid-19 os jogos devem continuar acontecendo sem torcida nos estádios.



Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.


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