top of page
Buscar

Com o sacrifício da própria vida!

Por Coronel Camilo


Uma bela solenidade de formatura acontece duas vezes por ano na Escola Superior de Soldados de Pirituba e uma vez na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. No caso dos Soldados, são cerca de 2.700 novos homens e mulheres entregues à população de São Paulo a cada seis meses. E, pela Academia, mais 200 oficiais, em média, são disponibilizados para a segurança pública de nosso Estado anualmente.


Vários são os momentos marciais e bonitos dessas formaturas: a tropa em forma, alinhada, todos em uniforme de gala, o canto do hino nacional e o da escola a que pertencem, o desfile de encerramento. Mas, tem um momento emocionante que arrepia a alma: o juramento feito, com vibração e galhardia, perante suas famílias, irmãos de farda e toda a comunidade, onde prometem defender o cidadão “...se preciso for, com o sacrifício da própria vida!”.


Desavisados podem achar que é apenas mais um momento formal de uma solenidade militar, mas não o é. Esse compromisso não é retórica, é realidade. Muitos policiais perdem a sua integridade física, adquirem deficiência permanente e, infelizmente, muitas vezes perdem a vida por pessoas que nunca chegarão a conhecer. Muitos jovens, homens e mulheres, saem de suas casas todos os dias, sem saber se voltarão. É comum seus pais se despedirem, diariamente, como se fosse a última vez que veriam seus filhos.


Na semana que passou falamos do grande trabalho da Segurança Pública do Estado garantindo as eleições que, como se esperava, transcorreu na mais perfeita normalidade. Pouquíssimas foram as ocorrências policiais motivadas por questões político-eleitorais, apenas cerca de 86 ligadas à chamada “boca de urna”. Contudo, tivemos um fato muito grave, um casal de policiais militares foi baleado quando garantiam o direito de voto à população na Cidade Dutra, zona sul de São Paulo.


Os policiais foram gravemente feridos e tiveram que ser socorridos pelo helicóptero Águia da Polícia Militar ao Hospital das Clínicas, onde permanecem internados. O crime não teve ligação com as eleições, mas mostra, mais uma vez, como os policiais levam ao extremo o compromisso feito, como eles correm alto risco no desempenho de suas funções, mesmo em situações em que se espera reine a tranquilidade, como num ambiente democrático de votação.


A resposta policial foi rápida, momentos após, equipes da Corregedoria da Polícia Militar, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), do Comando de Operações Especiais (COE), com o auxílio do Águia, conseguiram localizar e prender um dos suspeitos, que acabou confessando ser um dos responsáveis pelo ato covarde de, se misturando nos eleitores, se aproximar dos policiais e os alvejá-los, a queima-roupa.


Durante o meu Comando, de 2009 a 2012, como Comandante-Geral da Polícia Militar de São Paulo, infelizmente, tive que entregar, em média, 15 bandeiras do Brasil às mães ou familiares de policiais militares que perderam sua vida, em serviço, em defesa do cidadão de São Paulo. Esses foram, sem sombra de dúvidas, os piores momentos da minha vida como comandante: despedir-se de um jovem de farda e homenagear a família com a bandeira nacional.


Por tudo isso, quando cruzar com um policial de São Paulo no seu dia-a-dia, seja na rua, na padaria ou em qualquer outro lugar, cumprimente-o com carinho, ele está te protegendo e o fará com o sacrifício da própria vida se necessário, pois ele é uma pessoa muito especial.


Coronel Camilo é secretário-executivo da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

bottom of page