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Casem-se as almas primeiro e os corpos depois

Por Fernando Jorge

Imagem: Nathan Dumlao / Unsplash

Continuo a receber cartas, e-mails e telefonemas que me deixam confuso, atrapalhado. São das leitoras do meu romance Eu amo os dois, lançado pela editora Novo Século, no qual narro uma história verdadeira, a paixão de uma bela jovem por mim, um rapaz feio (sempre fui feio), e pelo seu belo primo de primeiro grau. Paixão verdadeira, porque a sua mãe, desde a infância da moça, não parava de lhe dizer:


– Minha filha, mais tarde, quando crescer, namore sempre dois rapazes, pois se um escapar, você ficará garantida com o outro.


Resultado, de tanto repetir este conselho, a moça, instintivamente, naturalmente, acabou me amando e também o primo, mas eu, ao descobrir isto, abandonei-a, embora com imensa dor. Sofri muito, porque tive de sufocar a minha paixão. E que saudade senti durante anos! Se ela me via numa rua, em qualquer lugar, o seu rosto ficava prateado, devido a um jorro do escorrimento das lágrimas...


Agora gentil leitora, depois de concluir a leitura do meu romance Eu amo os dois, fez a mim esta pergunta: o que leva tantos casais ao divórcio, à separação definitiva? Posso afirmar aqui e tenho certeza, o meu amigo Ronaldo Côrtes, arguto psicólogo, me daria total apoio, a causa de tantos divórcios é que centenas de casais, antes de se unirem em matrimônio, não acatam o conselho encerrado no seguinte provérbio:


“Casem-se as almas primeiro e os corpos depois.”


Esses casais se unem fisicamente e não espiritualmente. A atração física, carnal, predomina neles e nunca a atração espiritual, a de um coração por outro coração.


A carne é efêmera, perecível, e o espírito é eterno. Quem se casa mais por atração sexual do que por atração espiritual, quem acha que o amor físico, a efervescência do sangue devem predominar no casamento, comete um ato tão insensato como o de um desequilibrado arquiteto que em vez de construir um edifício em terreno sólido, prefere erguê-lo num terreno de areias movediças, sob os raios de um implacável sol asfixiante.


Sim, repito, casem-se as almas primeiro e os corpos depois.



Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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