Bogotá é “chevere” !
- Paulo Panayotis
- 22 de abr. de 2022
- 4 min de leitura
Por Paulo Panayotis

- O senhor é o motorista que vai me levar ao aeroporto de El Dorado? - “Si senõr! Com mucho gusto, senõr!”.
Deixo a Colômbia, precisamente Bogotá, após seis dias surpreendentes. Carlos Ramires, o motorista do táxi branco, específico para turistas, é o último capítulo de uma história que começa com um convite do organismo de turismo, encarregado de promover a capital colombiana, o Invest Bogotá, para conhecer a cidade. Estava em Paris quando li o e-mail. Pensei: será seguro? Imediatamente minha memória procurou, inconscientemente, os registros. Vem à mente nomes como Cartel de Cali e Medelín. Vai me dizer que quando você leu o título deste artigo não pensou no mesmo? Especialmente se conheceu Bogotá há mais de dez, quinze anos? Pois posso lhe garantir: esqueça! Estamos falando de cidades totalmente diferentes. Sou o único jornalista brasileiro convidado. Há outros três. Dois são norte-americanos e um mexicano. Desconfiado, por natureza e por dever de ofício, a primeira surpresa desembarca comigo. O aeroporto internacional de El Dorado, em Bogotá, mostra-se hospitaleiro, moderno e muito prático.

Uma extensa agenda me espera! O dia de trabalho começa às oito horas da manhã e termina por volta de oito, nove horas da noite. Tudo organizadíssimo. Tudo muito profissional. Acha exagero? Então me diga o que fazem dezenas dos melhores hotéis de luxo do mundo instalados em Bogotá? Só a prestigiosa rede “Four Seasons” tem dois. A luxuosa rede W abriu suas portas na capital colombiana há três anos. Conheço alguns “Ws” pelo mundo. Estive no de Xangai, entre outros. Para mim, o de Bogotá é melhor! Provavelmente por ser mais novo. O de Bogotá? Sim, o de Bogotá! No planetário da cidade, totalmente interativo, vejo uma apresentação em 3 D. Ao som de Beatles e dos Rolling Stones, um espetáculo de luzes, formas e cores me faz mergulhar em um mundo paralelo. Projetado no teto do planetário, o show me lembra o que assisti no museu Cidade da Ciência, em La Villete, em Paris, na França, só que melhor! Em Bogotá? “Si senõr! Em Bogotá! O que? Ainda dúvida? Então aí vão alguns números. Nos últimos 12 anos, mais de 150 das maiores multinacionais se instalaram na Colômbia, a quase totalidade em Bogotá! Em 2016, a capital colombiana é reconhecida como a quinta cidade com o melhor ambiente de negócios na América Latina ameaçando seriamente São Paulo. A cidade é indiscutivelmente reconhecida com a de número um, na América Latina, em “green walls”! Seja em construções habitacionais ou de negócios! Para quem não conhece o termo, “Green Walls” são aqueles prédios com paredes verdes, ou seja, com vegetação cobrindo não só o teto como as paredes laterais dos edifícios! Tudo isso em Bogotá? Exatamente meu amigo! Em Bogotá!

Eles têm a maior frota de táxis elétricos da América Latina e se orgulham de terem exportado o modelo de transporte público que criaram (o Transmilenio) para 57 cidades em todo o mundo, incluídas aí Johanesburgo (África do Sul), Jakarta (Indonésia) e Guangzhou (China)! Sucesso na época, já mostra sinais de estar em saturação! Estão trabalhando sério em alternativas, em melhorias. Perto do Brasil? Continua um sucesso estrondoso! Claro que também há problemas. O metrô deles, por exemplo, patina, patina e nunca sai do buraco! Há um projeto que prevê a construção de mais de 25 quilômetros rasgando a cidade... O tempo verbal é adequado: prevê! O trânsito pela cidade é um inferno, especialmente nos horários de pico. Mas me diga qual grande capital mundial tem trânsito razoável com exceção das cidades da Escandinávia? Agora, o que mais me impressionou mesmo foi o bogotano! A gentileza, simpatia, educação e profissionalismo das pessoas me encantaram. De fato, me senti envergonhado com nossa dita “hospitalidade brasileira”! É verdade que ainda somos um povo gentil e hospitaleiro. Fato. Mas é verdade também que gentileza e hospitalidade sem profissionalismo são características muito típicas de nós brasileiros! No Brasil, simpatia e um tapinha nas costas. Na Colômbia, simpatia e profissionalismo!

Então, se você fica em sua zona de conforto e, a cada chance de viajar “curtinho”, pega um voo para Buenos Aires ou Punta del Este, está na hora de se arriscar. Melhor, de se encantar com um país que conseguiu, em pouco mais de uma década, migrar das manchetes policiais para as páginas de turismo com “T” maiúsculo!
- “Sua cidade me encantou”, digo ao Carlos Ramires, o motorista que, de camisa impecável e gravata colorida, me leva ao aeroporto.
- É de fato é uma cidade surpreendentemente “chevere”, penso, com olhar perdido em ciclistas que pedalam com a Cordilheira dos Andes emoldurando a ciclovia. Ah, em tempo: eles têm mais de 520 quilômetros entre ciclovias e ciclorotas e “chevere” quer dizer legal, muito legal! Alguém duvida? Os bogotanos e os dois milhões de turistas que passam por lá a cada ano não! Virei fã! Bogofã!

O jornalista, especializado em turismo, viajou a convite do Invest Bogota | Greater Bogotá Convention Bureau | Zona M.I.C.E.
Fotos: Paulo Panayotis & Adriana Reis.

Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de TV, escritor, mora pelo mundo e especialista em curadoria para a Grécia e a França.
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