Por Roberto Maia
O Video Assistant Referee (VAR), implantado no futebol mundial em 2019, foi recebido com grandes expectativas. A promessa era clara: reduzir as dúvidas e erros da arbitragem, especialmente em lances complexos como os de impedimento. No entanto, a realidade no Brasil tem mostrado que, ao invés de solucionar as controvérsias, o VAR muitas vezes as amplifica, gerando mais confusão e frustração tanto para os jogadores quanto para os torcedores.
Desde sua implementação, o VAR no Brasil tem sido alvo constante de críticas. A cada rodada do Campeonato Brasileiro, a polêmica sobre o uso da tecnologia reaparece, muitas vezes devido à omissão ou interferência em lances que poderiam ser facilmente resolvidos em campo. O problema não está na tecnologia em si, mas na forma como ela é aplicada. O VAR, que deveria ser um apoio, tornou-se uma muleta para os árbitros, que, confiantes na revisão eletrônica, não se preocupam em acompanhar o lance de perto, deixando para a cabine de vídeo a responsabilidade de decidir.
A coleção de erros na utilização do VAR é vasta. Em diversas ocasiões, os árbitros de campo, mesmo bem-posicionados, preferem não tomar uma decisão imediata, esperando que o VAR intervenha. No entanto, essa intervenção nem sempre ocorre, resultando em lances mal resolvidos e decisões controversas. Entendo que a ferramenta veio para ficar. E não há dúvida de que a tecnologia tem seu valor. Mas, para que ela funcione adequadamente, é imprescindível que seja utilizada com maior agilidade e precisão. Há casos em que a análise de um lance demora mais de cinco minutos, o que é inadmissível e prejudica o ritmo do jogo.
Desde sua chegada, trazendo a falsa promessa de eliminar a injustiça no futebol, o VAR tem cometido muitos equívocos. Muitos desses erros ocorrem em momentos decisivos, como finais de campeonatos, onde um título pode ser decidido por uma má interpretação do vídeo. Um exemplo gritante é a regra do impedimento, que frequentemente anula gols porque o autor estava poucos centímetros à frente do defensor. Menos da metade de um pé é motivo para anular um gol, muitas vezes decisivos.
O problema se agrava quando os árbitros do VAR utilizam frames e imagens congeladas para decidir lances, matando a essência do futebol. Analisar uma imagem estática sob múltiplos ângulos pode levar a qualquer conclusão que se queira, desviando-se do objetivo de justiça que o VAR deveria promover.
A frustração causada pelo VAR é palpável. Jogadores e torcedores, que antes aceitavam o erro como parte do jogo, agora se veem diante de uma tecnologia que deveria corrigir equívocos, mas que, muitas vezes, os multiplica por falta de competência.
Portanto, mudanças são necessárias e urgentes. Uma delas seria a redução do uso do VAR, limitando-o a situações realmente cruciais e não a cada detalhe do jogo. Paralelamente, é imperativo que o nível da arbitragem melhore substancialmente. Uma solução seria a profissionalização dos árbitros, que hoje atuam de forma semiprofissional. Isso garantiria uma preparação mais rigorosa e uma dedicação exclusiva ao ofício, minimizando os erros em campo.
Além disso, é fundamental que jogadores e treinadores sejam punidos com maior rigor por reclamações e simulações de faltas. A disciplina em campo é tão importante quanto a tecnologia para garantir um jogo justo.
Em conclusão, o VAR pode e deve ser um aliado da justiça no futebol, mas para isso, é necessário reavaliar seu uso, modificar regras como a do impedimento e, principalmente, investir na profissionalização da arbitragem. Só assim poderemos ter um futebol mais justo e emocionante, onde a tecnologia realmente cumpra seu papel de auxiliar, e não de protagonista.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Escritor e editor do portal travelpedia.com.br
Comments