Por Fernando Jorge

Se a tolerância não tiver limites, todos os erros devem ser aceitos e todos os crimes, até os mais bárbaros, não devem ser punidos. É um raciocínio lógico.
Hipócrita, que prega a tolerância absoluta, se essa tolerância absoluta deve ser aceita, então vamos aplaudir todos os erros, aceitá-los, berrando:
– Vivam todos os erros, vivam!
Hipócrita que prega a tolerância absoluta, se essa tolerância deve ser aceita, então se um criminoso matar a sua mãe, durante um assalto, esse criminoso não deve perder o seu direito de matar, deve ficar solto, alegre, feliz e até receber cumprimentos...
Hipócrita, se a tolerância deve ser total, então, volto a dizer, Jesus Cristo não deveria ter erguido um chicote para expulsar os mercadores do templo, conforme a Bíblia registra.
Hipócrita, se a tolerância deve ser infinita, então, volto a afirmar, Deus não deveria ter destruído as cidades dos pecados imperdoáveis, chamadas Sodoma e Gomorra, segundo está na Bíblia.
Hipócrita, se a tolerância deve ser integral, sob todos os aspectos, então os dez mandamentos da Lei de Deus, recebidos por Moisés no Monte Sinai, como informa a Bíblia, não devem ser aceitos e sim jogados numa fedorenta lata de lixo...
Mais um argumento. A tolerância deve ser absoluta, hipócrita? Você pensa assim? Então vou tirar os ossos do seu corpo e assar a sua carne no meu fogão, para a devorar como rosbifes, exclamando:
– Ai, que delícia! Ai que carne gostosa! Ai, ai, ai, ai!

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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