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A política por trás da Bola de Ouro: A polêmica premiação de 2024

Foto do escritor: Roberto MaiaRoberto Maia

Por Roberto Maia


O volante Rodri é o 3º espanhol a conquistar o prêmio, depois de Di Stéfano e Luis Suárez. (Foto: Reprodução/facebook.com/uefa)

Como jornalista esportivo que acompanha há anos as principais premiações do futebol mundial, confesso que fiquei perplexo com o resultado da Bola de Ouro 2024. O que deveria ser uma celebração do talento individual no futebol acabou se transformando em mais um capítulo da guerra política entre o Real Madrid e a UEFA.


A vitória do espanhol Rodri, embora sustentada por conquistas importantes como o título da Premier League com o Manchester City e a Eurocopa com a Espanha, deixou um gosto amargo na boca dos amantes do futebol. Não porque o volante seja um mau jogador – longe disso – mas porque Vinícius Júnior teve uma temporada verdadeiramente extraordinária.


O brasileiro do Real Madrid acumulou números impressionantes: 24 gols e nove assistências em 39 jogos, sendo decisivo nas conquistas da Liga dos Campeões, do Campeonato Espanhol e da Supercopa da Espanha. Era o favorito absoluto, tanto que o jornal Marca havia antecipado sua vitória semanas antes da premiação.


No entanto, a política nos bastidores acabou pesando mais que o desempenho em campo. Desde 2021, quando o Real Madrid liderou o projeto da Superliga Europeia, a relação com a UEFA deteriorou-se consideravelmente. Este ano, pela primeira vez, a Bola de Ouro foi organizada em parceria com a entidade máxima do futebol europeu, e as consequências foram evidentes.


O protesto do clube merengue foi contundente: nenhum representante viajou a Paris para a cerimônia. Em nota oficial, o Real Madrid não poupou críticas, argumentando que se os critérios não apontavam Vini Jr. como vencedor, deveriam ao menos indicar Carvajal. A mensagem era clara: tratava-se de uma retaliação política.


Vini Jr. se manifestou através das redes sociais logo após a entrega da Bola de Ouro. “Eu farei 10x se for preciso. Eles não estão preparados.”


Vinícius Júnior era o favorito absoluto para conquistar a Bola de Ouro deste ano. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Rodri é apenas o terceiro espanhol a conquistar o prêmio, depois de Di Stéfano e Luis Suárez, e o primeiro volante desde Lothar Matthaus em 1990. São marcos históricos que, em outras circunstâncias, seriam celebrados com mais entusiasmo.


O apoio a Vini Jr. veio de várias frentes. Seu companheiro Camavinga manifestou-se publicamente, mencionando as "políticas do futebol", enquanto o lendário Clarence Seedorf foi categórico ao afirmar que o brasileiro merecia o prêmio, lamentando a interferência das questões políticas na escolha. Já a brasileira Marta desabafou ao saber do resultado da premiação: "Eu esperei o ano inteiro para ver o Vini Jr ser reconhecido como o melhor jogador da atualidade.Que Bola de Ouro é essa?", reclamou.


Esta edição da Bola de Ouro ficará marcada não pela celebração do talento, mas como símbolo de como as disputas de poder podem influenciar até mesmo as premiações mais prestigiadas do futebol mundial. Enquanto isso, Vini Jr. se junta à lista de grandes jogadores brasileiros que, apesar de merecerem, não tiveram seus nomes gravados neste troféu histórico. Os únicos brasileiros que conquistaram a Bola de Ouro são Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Kaká.





Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Escritor e editor do portal travelpedia.com.br


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