Por Fernando Jorge
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As minhas leitoras Edith Maria, Roseana Gonçalves Proença, Elisabete Alda Kinani e Ana Percussi Simões, dotadas de bela inteligência, enviaram-me mensagens pedindo que eu descreva, numa lista, sete tipos de empregadas domésticas.
Aí vai, portanto, a lista solicitada.
(I) A boa empregada. Gentil, atenciosa, bem-educada, incapaz de não fazer nada. Limpa tudo, coloca tudo em ordem.
(II) A empregada honestíssima, incapaz de se apoderar até de moedas de centavos ou de um real, caídos no chão.
(III) A empregada ladrona. Rouba até biscoitos. Enfia na sua bolsa objetos, lenços, sabonetes, pentes, palitos, calcinhas, cuecas, garfos, facas... Usa uma bolsa grande, preta, que esconde num lugar pouco visível.
(IV) A empregada comilona, esfomeada. Devora tudo, não para de abrir a geladeira para engolir queijo, fruta, sorvete, suco de uva, laranjada, etc.
(V) A empregada sofredora. Ela é casada com um marido bruto, estupido, cruel, que a faz chorar, ou que tem um filho drogado, que também lhe causa angústia, grande tristeza.
(VI) A empregada burra. Ela não tem culpa de ser burra, como o camelo de ser camelo, a cobra de ser cobra, a coruja de ser coruja.
(VII) A empregada que se apaixona pelo seu patrão, e geme, suspira, treme de amor.
Termino aqui. Ah, meu Deus como sou perigoso! Fico impressionado comigo mesmo, pois conheço tudo, tudo, sobre empregadas domésticas. Preciso ir a uma igreja e ser benzido...
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Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.