A desordem urbana provocada pelas cracolândias
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A desordem urbana provocada pelas cracolândias

Por Coronel Camilo


Estamos acompanhando muitas críticas ao poder público de São Paulo pelas ações contra o tráfico de drogas em locais de aglomeração de pessoas. As mais recentes sobre a atuação na Alameda Cleveland e na Praça Princesa Isabel. Nessas duas áreas aconteceram as Operações Caronte, muito bem planejadas, executadas e fundamentadas em uma forte investigação policial. Em ambas as ações aconteceram prisões, que logo foram transformadas em prisões preventivas, demonstrando a correção, a seriedade e o profissionalismo na atuação dos integrantes da 1ª Seccional da nossa Polícia Civil de São Paulo, sob a condução do delegado Dr. Roberto Monteiro.


Muitos dos que criticam se valem do argumento de que nesses locais havia pessoas em situação de rua. Contudo, se verificou que em ambos não havia pessoas em situação de rua, na acepção da palavra, mas sim drogaditos desesperados para consumir cada vez mais o crack. Essas pessoas, sob a dependência da droga, eram manipuladas por microtraficantes que, abastecendo o local com a droga, mantinham o ambiente de desordem, com verdadeiras feiras de droga, para lucrarem com isso.


Sabemos que a desordem propicia um ambiente propício para o crime acontecer. Vamos rever o triângulo do crime. Aprendemos que o crime é composto sempre por três elementos: a vítima, que somos todos nós em potencial; o infrator motivado para cometer o delito e o ambiente, que é o local onde a ação criminosa pode ocorrer. Também aprendemos que devemos cuidar dos três elementos, cada qual com ações específicas, mas, dentre eles, o ambiente é o maior responsável pela oportunidade do crime ser praticado.


O criminoso procura um ambiente conturbado para a prática do delito, pois num ambiente desordenado ele pode facilmente fugir, se esconder e não ser pego. Por isso, locais com desordem urbana, com iluminação precária ou sem ela, locais sujos com lixo espalhado pelo espaço público, praças com mato alto, pichação, muros quebrados, falta de sinalização adequada, ruas e calçadões tomados camelôs irregulares etc. são convites a prática de crimes contra o patrimônio, como os furtos e roubos.


Reside aí a importância da prevenção primária, ou seja, cuidar do espaço público, deixá-lo sadio, limpo, bem iluminado, organizado e identificado. Um ambiente com estas características diminui a oportunidade de o crime acontecer. O infrator não quer se arriscar num local onde ele pode facilmente ser identificado e pego, onde ele não possa se esconder. E, por esta perspectiva, a ação feita na região central, também foi um acerto, pois permitiu ações de zeladoria e deixou os dois ambientes mais sadios.


Por fim, aquelas aglomerações de 500, 1000 e às vezes até mais pessoas, impediam a ação dos assistentes sociais e de saúde, que não conseguiam chegar próximo daqueles que precisavam de ajuda. Agora, espalhados em grupos menores, estão sendo mais facilmente abordados pelos serviços de acolhimento e muitos estão sendo encaminhados para tratamento. Mais uma prova de que acerta o poder público quando enfrenta esse grave problema.


Nós também podemos fazer a nossa parte começando pela nossa própria residência, nosso quintal, depois nossa rua, nossa praça, nossa cidade. Quanto mais sadio o ambiente, quando mais organizado o espaço público, menor será a oportunidade e probabilidade crime acontecer. A desordem facilita a criminalidade.


Coronel Camilo é secretário-executivo da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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