Redação JBA
24 de set de 20203 min
Por Roberto Maia
O futebol voltou no Brasil em plena pandemia do novo coronavírus. O retorno aconteceu sob rígidos protocolos de higiene e saúde com jogadores, comissões técnicas, equipes de arbitragens e outros profissionais envolvidos nos jogos. Porém, com os estádios e arenas sem público. Bandeiras, faixas, fotos de torcedores e som ambiente tentaram dar alguma graça ao espetáculo, mas faltava o personagem principal, a torcida.
A primeira sinalização para a volta do público aos jogos veio da Prefeitura do Rio de Janeiro. O prefeito Marcelo Crivella anunciou a volta dos torcedores aos jogos no Maracanã a partir do dia 4 de outubro, data da partida entre Flamengo e Athletico Paranaense.
Em campanha eleitoral e visando sua reeleição, Crivella afirmou que o jogo terá a presença de apenas 20 mil torcedores, ou seja, um terço da capacidade total da arena. Ainda de acordo com o prefeito carioca, a abertura do Maracanã servirá como teste para a volta dos torcedores também aos outros estádios, como o Engenhão e São Januário. E para evitar filas e aglomerações, a comercialização dos ingressos para os jogos serão realizadas pela internet.
Pouco tempo depois do anúncio da Prefeitura do Rio de Janeiro, o presidente do Corinthians Andrés Sanchez se pronunciou através da sua conta no Twitter. O mandatário do Timão ameaçou não colocar o time em campo se todos os times da Séria A não tiverem a mesma oportunidade, independente do Estado ou cidade. A forte afirmação colocou sob risco a continuidade do Brasileirão. Prenúncio de crise das grandes à frente.
Essa semana foi a vez da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se manifestar. Em nota oficial a entidade disse que reunirá clubes da Série A para discutir o retorno do público aos jogos. A medida prevê a utilização de até 30% da capacidade dos estádios, a partir de outubro, ainda sem data definida. Informa também que recebeu parecer favorável do Ministério da Saúde sobre o plano de estudos para a volta dos torcedores, entretanto condiciona a permissão à avaliação das autoridades sanitárias de Estados e Municípios.
Paralelamente a toda essa discussão, a CBF divulgou relatório de testagem do coronavírus no Brasileirão. Foram realizados 9.690 exames nas séries A, B e C, sendo que apenas 182 apontaram resultado positivo. O estudo foi pelo elaborado pelo Grupo Científico CBF, liderado pelo presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF), Jorge Pagura.
“Desde o primeiro momento, a CBF vem tratando o cenário com extremo cuidado, sempre equilibrando as necessidades do mundo do futebol com a realidade que estamos enfrentando nessa pandemia. Esses dados mostram uma evolução na eficiência do protocolo, que segue com o objetivo de dar segurança sanitária a todos os envolvidos na realização das partidas”, afirmou Pagura.
Quanto ao trabalho desenvolvido pela CBF através da equipe comandada pelo doutor Pagura não há dúvida de que está sendo bem feito. O que tenho dúvida será quanto ao comportamento dos torcedores nos estádios caso a presença seja liberada, embora em quantidade reduzida. Outra questão importante é saber como será a comercialização dos ingressos. Claro que será através da internet, mas quem serão os privilegiados torcedores que terão o direito de torcer para os seus times? E uma vez dentro do estádio quem controlará o comportamento dos torcedores para que cumpram os protocolos que evitariam o contágio e disseminação da Covid-19?
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.